Heitor Reis (*)
>>Uma nota de capa de O Globo tinha como título "Sarkozy vai e Lula manda vice". Uma matéria interna (pág. 9) tinha como título "Sarkozy consola parentes; Lula estava longe". (...) Os leitores que se derem ao trabalho de ler, tanto a nota quanto a matéria interna, no entanto, ficarão sabendo: que o
Honorável mestre Vinício Lima:
Por que tu não disseste uma única palavra para mencionar o papel dos jornalistas diplomados (ou não) que participam da situação que condenas? Não são os jornalistas de insinuação que fazem o jornalismo de insinuação? A UnB, qualquer outra universidade ou faculdade tem interesse em acompanhar o desempenho de seus ex-alunos, quando exercem a profissão? Há alguma tese acadêmica a este respeito?
Caso positivo, a UnB está satisfeita com o resultado? O senhor, pessoalmente, está satisfeito com o trabalho dos alunos que tem formado? Será como o Lalo (ECA-USP) percebe tudo isto? Caso negativo, por que não começar a fazê-lo, agora?
O
Se já abordaste esta questão em outros artigos, seria importante, ter mencionado neste, para uma visão mais ampla do assunto...
E, daí, surgem outras questões...
Os sindicatos dos jornalistas ou sua federação tem se interessado em enfrentar o fato de que boa parte de seus profissionais praticam o jornalismo de insinuação, de manipulação e de enganação?
A Fenaj tem feito uma cobertura eticamente correta desta questão ou também manipula a informação, mostrando ou insinuando apenas o ângulo que lhe convém?
A obrigatoriedade do diploma ou não evitaria que coisas assim acontecessem?
A obrigatoriedade garante apenas a qualidade técnica e estética da informação ou também a
Por que os países mais desenvolvidos não adotam a obrigatoriedade?
Matérias como esta que analisastes parcialmente, que são inúmeras, demonstram que não existe ética jornalística alguma, mas apenas ética materialística na grande imprensa, como documentou Perseu Abramo? Sugiro como livro de cabeceira, "Significado político da manipulação na grande imprensa". [ www2.fpa.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=55 ]
Não seria melhor exigir a obrigatoriedade do diploma apenas para os empresários da mídia, com um conselho profissional para fiscalizá-los e puní-los por impor sua ética do lucro e da política partidária, a qualquer custo, aos seus lacaios? Um conselho editorial composto por representantes dos movimentos sociais para controlar a atuação da empresa seria também altamente salutar, ainda que extremamente improvável num país capitalista...
Certo é que, numa nação com 74 % de analfabetos e semi-analfabetos nenhum veículo de comunicação pode ter profundidade, caso queira atingir o grande público. E, numa sociedade conservadora como a nossa, o número de analfabetos políticos (Bertolt Brecht) é ainda maior! Cada povo tem os governantes, empresários, jornalismo e os jornalistas que merece!
Lula visitou Santa Catarina após o desastre "natural" que ocorreu por lá... Mas qual o veículo divulgou a responsabilidade dele por não ter liberado anteriormente a verba prevista para evitar o desastre? A resposta está em http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=514JDB004
Por que será que nenhum dos 32 comentários feitos sobre o artigo disponível no Observatório da Imprensa menciona a responsabilidade do jornalista de insinuação, do diploma e da instituição em que ele se formou?
Mais detalhes em:
A sociedade quer informação com ética e qualidade?
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=529DAC001
Diploma impede o empresário de dominar sobre a consciência do jornalista
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=504DAC007
Liberdade de imprensa para quem?
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=491FDS008
(*) Heitor Reis é um subversivo e um indivíduo perigoso do ponto de vista dos milicos e de Gilmar Mendes. Engenheiro civil, militante do movimento pela democratização da comunicação e
Por Venício A. de Lima em 9/6/2009 |
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Os últimos dados sobre a circulação média de jornais divulgados pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC) para o mês de abril, e o tipo de jornalismo que continua sendo praticado pelos principais jornalões brasileiros, trouxeram à memória uma música de Paul Simon, muito popular nos anos 1970. Lançada em 1973, mesmo ano das audiências do caso Watergate no Congresso dos EUA, o refrão de Loves me like a rock ("gosta de mim tanto quanto um rock") repetia: "who do you think you´re fooling?" ( A circulação dos jornalõesDados do IVC revelam que a Folha de S.Paulo, O Globo e O Estado de S.Paulo perderam, respectivamente, 10,84%, 7,75% e 16,93% de circulação média diária em abril de 2009, se comparada aos números de abril de 2008. Nenhum deles atinge a circulação de 300 mil exemplares diários. Os números arredondados são, respectivamente, 289 mil, 259 mil e 214 mil exemplares (role a página Se supusermos que cada exemplar é lido, em média, por quatro (?) pessoas, Considerando esses números em perspectiva histórica, verifica-se que, apesar do crescimento da população alfabetizada, há uma tendência clara de queda nos últimos anos. No ano Na verdade, os dados do IVC apenas confirmam o que já se sabia: os jornalões, cada vez mais, circulam apenas entre parcela muito reduzida da elite letrada brasileira. Apesar disso, os números não parecem assustar o representante da Jornalismo de insinuação (e de exclusão)O tipo de cobertura jornalística praticado pelos jornalões aparentemente não se interessa em conquistar novos leitores. Em princípio, uma cobertura equilibrada, que represente todos os lados envolvidos nas questões, seria aquela capaz de conquistar credibilidade e atrair Se, no entanto, a cobertura jornalística obedece sempre a um mesmo "enquadramento" para diferentes notícias – "enquadramento" perceptível até mesmo para um leitor menos atento –, o que ela faz é reforçar, diariamente, a opinião dos atuais (poucos) leitores. Ao mesmo tempo, excluem-se eventuais novos leitores que não se alinhem com o "enquadramento" da cobertura. Outra possibilidade, creio, mais remota, seria o jornal crescer dentro do universo de leitores potenciais que também se sentiriam reforçados com o "enquadramento" já praticado. Poucos quilômetrosTomemos um pequeno, mas emblemático, exemplo: a cobertura oferecida pelo jornal O Globo na terça feira (2/6), sobre o comportamento comparado dos presidentes da França A "má vontade" da cobertura política dos jornalões em relação ao presidente da República, seu partido e seus aliados, embora não consensual, é certamente conhecida e reconhecida. Não me refiro, por óbvio, à fiscalização das atividades do Executivo, nem às denúncias fundadas de corrupção, nem aos editoriais, nem à opinião de colunistas e/ou articulistas. Refiro-me tão somente à rotina diária da cobertura política. Uma nota de capa de O Globo tinha como título "Sarkozy vai e Lula manda vice". Uma matéria interna (pág. 9) tinha como título "Sarkozy consola parentes; Lula estava longe". Seria difícil negar que esses títulos – estatisticamente mais lidos do que o conteúdo das matérias – insinuam que o Os leitores que se derem ao trabalho de ler, tanto a nota quanto a matéria interna, no entanto, ficarão sabendo: que o Nem a nota, nem a matéria de O Globo, todavia, informam ao leitor que o Palácio do Eliseu, onde estava o presidente da França (aliás, país de origem da Air France e membro-sede do consórcio franco-germânico-espanhol – European Aeronautic Defence and Space Company (EADS) – fabricante do Airbus A330-200), fica a poucos quilômetros do aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, onde Sarkozy se reuniu com os familiares das vítimas. "Who do you think you´re fooling?" O jornalismo de insinuação, ao "dar a entender de modo sutil ou indireto" uma interpretação tendenciosa, fere o princípio básico do jornalismo que é seu compromisso Utilizar o jornalismo de insinuação até mesmo na cobertura de uma tragédia das proporções do acidente do voo 447 da Air France, com o objetivo de atingir politicamente um presidente da República cujos índices de aprovação, em todas as camadas sociais, estabelecem recordes históricos, não parece revelar a intenção de ampliar o número de leitores ou aumentar a circulação do jornal. Na hipótese inversa, estaríamos supondo que os jornalões ainda acreditam que seus leitores (antigos e/ou novos) são incapazes de fazer a distinção entre a insinuação dos títulos, a omissão de informações na matéria Se for esse o caso, valeria repetir para os jornalões, o refrão da musica de Paul Simon: "Who do you think you´re fooling?". URL: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=541JDB002__,_._,___ |