quinta-feira, 17 de dezembro de 2009



CONFECOM:

Ditadura

da liderança

dos

movimentos

sociais

sobre sua base



Durante o processo da revolução russa, não ocorreu a prometida ditadura do proletariado, que é a única democracia possível. Deixando de lado os ideais preconizados anteriormente, para a transformação, o que aconteceu, de fato, foi a ditadura dos líderes sobre o proletariado. [ “Ditadura do proletariado, a única democracia possível”: http://www.midiaindependente.org/pt/red/2008/10/432128.shtml ]

Esta história vem se repetindo em outros países, o que não foi diferente no processo da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom).

Primeiro, meses atrás, os representantes dos movimentos sociais nacionais desconsideraram a decisão das Comissões Estaduais, que, em sua maioria, recusaram a proposta do governo e dos empresários, de dar a estes 40 % dos delegados e 60 % de votos para aprovação de temas sensíveis, os quais os capitalistas da mídia podem escolher ao seu bel prazer.

Alegam "nossos melhores quadros" que o governo impôs-lhes tal critério, na base do "ou é do nosso jeito, ou não tem Confecom". Tudo é feito para agradar aos empresários da comunicação, sem qualquer limite na submissão da liderança dos movimentos sociais aos interesses dos petistas, os quais também dominam a representação dos movimentos sociais. Tudo que eles querem, é encher o caixa de campanha da Dilma, agradando seus financiadores, para os quais trabalha o inconstitucional e impune oligopólio da mídia.

Ontem (14/12), mais uma vez, as entidades dos movimentos sociais que participam da Comissão Organizadora Nacional (CON) traíram novamente aos interesses de suas bases, aceitando que o limite de 60 % para temas sensíveis fosse também aplicado aos Grupos de Trabalho (GT), coisa que não estava combinado anteriormente.

Minutos antes da abertura do evento, a ABRA - Associação Brasileira de Radiodifusores, solicitou uma reunião para dizer que, se os movimentos sociais não aceitassem esta condição, deixariam a Confecom, como seus 200 delegados, como a Rede Globo já o fez, meses atrás.

Acreditando ser importante manter estes empresários para legitimar a Confecom, entidades como a Fenaj - Federação Nacional dos Jornalistas, ABCCom - Associação Brasileira de Canais Comunitários a Cabo e ABEPEC - Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais votaram no sentido de aceitar a exigência dos capitalistas.

À noite, quando foram prestar contas de sua decisão aos delegados dos movimentos sociais presentes à Confecom, constatou-se o abismo existente entre eles e a cúpula.

Enquanto os que conduziam a plenária, faziam de tudo para impor sua tese, a base, em sua quase totalidade, defendia que sua liderança havia extrapolado os limites do bom senso e teriam de voltar atrás na decisão que tomaram. Neste processo, uns 300 delegados vaiaram solenemente as entidades que contribuíram para este estrago, chamando-as insistentemente de golpistas e pelegas, termo destinado para quem procura amaciar a relação entre classes, buscando a conciliação, ao invés do confronto de classes.

Mesmo após tamanha manifestação, as lideranças ainda fizeram de tudo para adiar a votação das propostas, literalmente, empurrando-a com a barriga, noite adentro e tendendo para a madrugada, quando não haveria mais ônibus para voltar ao hotel. Após a plenária insistir várias vezes gritando “vota, vota, vota”, os condutores do encontro se viram obrigados a respeitar a vontade dos presentes. Assim, ficou decidido que a liderança deveria procurar os empresários e desfazer a decisão anterior, sabendo-se, de antemão, que se estaria correndo o risco da ABRA abandonar o evento.

Encontrando com um diretor da Fenaj, com o qual convivo eventualmente, em Belo Horizonte, comentei o fato, obtendo como resposta que sempre houve esta diferença entre as posições das lideranças e das bases. Retruquei que, numa ditadura, sempre é assim, o que jamais deveria ocorrer num ambiente verdadeiramente democrático.

Hoje, na plenária em que se discutia o regimento da Confecom, a base votou contra temas sensíveis nos GT, derrubando a decisão dos ditadores do movimento social.

Foi um momento pequeno, porém simbólico de que esta dominação, um dia, poderá mudar. Assim, a base do movimento social, independente da conciliação de classe defendida por seus “legítimos” representantes, espera que, na plenária final, derrubará o critério de tema sensível e mantido a tradicional a aprovação com apenas uma maioria simples.

ABAIXO A DITADURA DOS LÍDERES SOBRE O PROLETARIADO!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009


Juca Kfouri: Aécio bate em namorada, na festa da Calvin Klein


Heitor Reis (*)


Apesar do desmentido da Assessoria de Comunicação do Governador Aécio Neves, Juca Kfouri insiste em manter sua versão do fato, segundo ele, testemunhado por várias pessoas presentes ao evento. Seu texto gerou 307 comentários que merecem ser lidos. [ http://blogdojuca.blog.uol.com.br ]


O sítio de Joyce Pascowitch também documenta o fato, mas não conta o nome do santo: [ http://glamurama.uol.com.br/Materia_nelson-rodrigues-34269.aspx ]


“Um dos convidados mais importantes e famosos da festa que o estilista Francisco Costa, da Calvin Klein, deu na piscina do hotel Fasano, no Rio, nesse domingo, acabou estrelando uma cena que deixou todos os convidados constrangidos. Visivelmente alterado, ele deu um tapa na moça que o acompanhava - namorada dele há algum tempo. Ela caiu no chão, levantou e revidou a agressão. A plateia era grande e alguns chegaram a separar o casal para apartar a briga. O clima, claro, ficou muito pesado.”


Agora, surgiu o desmentido da namorada do Aécio. Então, cumpre ao Kfouri e à Joyce apresentar as tais testemunhas que elegam terem visto a agressão.

[ http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/luiz-antonio-magalhaes-leticia-namorada-de-aecio-neves-desmente-agressao-noticiada-por-kfouri ]


Se Kfouri está inventando, Aécio certamente o acionará na justiça por danos morais, difamação, injúria e/ou calúnia, nos termos da Constituição Federal.


Há algo mais nesta história... Kfouri levanta uma lebre pesada sobre o pré-candidato à Presidência da República:


"A imprensa brasileira não pode repetir com nenhum candidato a candidato a presidência da República a cortina de silêncio que cercou Fernando Collor, embora seus hábitos fossem conhecidos.”


Kfouri condena a imprensa brasileira por ter escondido do grande público o fato de que Fernando Collor tinha (ou ainda tem, não sei) certos hábitos, condenáveis, pelo contexto.

A revista Veja entrevistou o próprio irmão do ex-presidente sobre o assunto:


“Pedro Collor revela que o ex-presidente consumia cocaína” E a própria revista afirma: “Em Brasília, onde passou a juventude, Collor ganhou o apelido de ‘Fernandinho do Pó’.”

[ http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/capa_17031993.shtml ]


Perseu Abramo concluiu que a grande imprensa é inimiga do povo brasileiro por causa da enganação produzida ao produzir a informação, tema sobre o qual se debruçou, produzindo um excelente trabalho a respeito, intitulado Significado político da manipulação na grande imprensa”. Isto numa época em que vigorava a ditatorial obrigatoriedade do diploma de jornalista.

[ http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=55 ]


Em Belo Horizonte, qualquer motorista de taxi pode confirmar o que todos afirmam: Aécio tem o mesmo hábito condenável de Collor. Além disto, vive mais no Rio que em MG, sendo conhecido como “Menino do Rio”.


E ainda acrescentam que ele fecha um andar da Maternidade Mater Dei para eventuais desintoxicações. Certamente, se houver jornalismo de verdade neste país este assunto deveria ser colocado em pratos limpos.


No meio jornalístico das alterosas também é comum se ouvir que Aécio comprou a grande mídia, a qual jamais criticou seu governo. Alguns afirmam o valor pago por fora ou melhor, não contabilizado: R$ 500.000,00 para cada. Caixa 2.


O Sindicato dos Jornalistas de MG divulgou manifesto, junto com várias entidades dos movimentos sociais acusando o Aécio de ser o “Governador da Censura”. [ www.midiaindependente.org/pt/red/2006/09/359478.shtml ]


Há farta informação sobre o ditador das Gerais no sítio da NovaE, intitulado “Petistas que alimentam Aécio”, disponível em http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1010 .


Já o Novo Jornal, de MG, também analisa a declaração de renda do governador e levanta suspeita sobre um apartamento declarado por Aécio em Copacabana. Vale R$ 12 milhões e o Menino do Rio não tem verba oficial para adquirí-lo. E tem muito mais!... http://www.novojornal.com/politica_noticia.php?codigo_noticia=11020


Supondo que Aécio tenha batido realmente nesta moça, alguém pode estipular qual o valor a ser negociado, também por fora, para que a ilustre senhorita, caso não seja masoquista, concorde em não denunciar o Menino do Rio na justiça para cobrar publicamente, a aplicação da Lei Maria da Penha e uma polpuda indenização? Ou para desmentir tudo e afirmar que nada disto é verdade?


O único receio que eu tenho é que esta verba saia dos cofres públicos ou de empresários que irão mamar em nossas tetas no futuro ou já o estejam fazendo atualmente.


Portanto, aguardemos uma ação judicial da parte de Aécio Neves ou teremos de ficar com o tradicional, quem cala, consente! Ou melhor, quem afirma que foi difamado, caluniado ou injuriado e não processa o que praticou tal crime, seguramente tem algo a esconder.


Como pré-candidato ao cargo mais elevado da Nação, este assunto deveria ser investigado à exaustão, permitindo que todos tenham conhecimento do que aconteceu de fato.


Vamos ver se a censura da mídia, ou ditadura da mídia, como diz o título da obra de Altamiro Borges, será devidamente abordada nesta I Conferência Nacional da Comunicação, onde poderá ser explicado a razão pela qual certas notícias não são publicadas e outras não, dependendo do cargo, do candidato ou de sua coloração política, como adverte Luiz Carlos Azenha.


Um fato curioso é que, no sítio deste ex-jornalista da Globo, há uma foto onde se afirma ser do momento do tapa de Aécio na felizarda e futura nova rica. Diz o texto: “Na foto, Aécio espanca acompanhante” Mas, na realidade, o que vemos são duas mulheres conversando e tem a logomarca do “Globo Repórter”, com o título “Míriam Dutra, Lisboa”.


Apesar disto, ali há informações interessantes que merecem ser apreciadas com carinho: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/assessoria-de-aecio-neves-diz-que-nota-e-caluniosa/


Mais sobre as trapalhadas do nosso garoto carioca:


“Liberdade, essa palavra”: www.youtube.com/watch?v=UqEimwCupsQ

“Gagged in Brazil - Censura na Imprensa”: http://www.youtube.com/watch?v=R4oKrj1R91g


sexta-feira, 12 de junho de 2009

Quem você pensa estar enganando, prof. Vinício?


Heitor Reis (*)


>>Uma nota de capa de O Globo tinha como título "Sarkozy vai e Lula manda vice". Uma matéria interna (pág. 9) tinha como título "Sarkozy consola parentes; Lula estava longe". (...) Os leitores que se derem ao trabalho de ler, tanto a nota quanto a matéria interna, no entanto, ficarão sabendo: que o presidente do Brasil soube do desaparecimento do Airbus depois de chegar a El Salvador, que visitava, em viagem oficial, para as solenidades de posse de seu novo presidente (aliás, casado com uma brasileira); que ele cancelou sua participação no almoço comemorativo "por estar abalado com a tragédia"; e que ele pediu ao presidente em exercício para deslocar-se de Brasília ao Rio de Janeiro, para se encontrar com os familiares. Nem a nota, nem a matéria de O Globo, todavia, informam ao leitor que o Palácio do Eliseu, onde estava o presidente da França (aliás, país de origem da Air France e membro-sede do consórcio franco-germânico-espanhol – European Aeronautic Defence and Space Company (EADS) – fabricante do Airbus A330-200), fica a poucos quilômetros do aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, onde Sarkozy se reuniu com os familiares das vítimas. "Who do you think you´re fooling?"<< [ Quem você pensa estar enganando?" Por Venício A. de Lima. Matéria na íntegra, ao final. http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=541JDB002 ]




Honorável mestre Vinício Lima:



Por que tu não disseste uma única palavra para mencionar o papel dos jornalistas diplomados (ou não) que participam da situação que condenas? Não são os jornalistas de insinuação que fazem o jornalismo de insinuação? A UnB, qualquer outra universidade ou faculdade tem interesse em acompanhar o desempenho de seus ex-alunos, quando exercem a profissão? Há alguma tese acadêmica a este respeito?


Caso positivo, a UnB está satisfeita com o resultado? O senhor, pessoalmente, está satisfeito com o trabalho dos alunos que tem formado? Será como o Lalo (ECA-USP) percebe tudo isto? Caso negativo, por que não começar a fazê-lo, agora?


O Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo e a Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação fazem esta reflexão? Qual a responsabilidade da formação universitária na produção do jornalismo de insinuação, de manipulação ou de enganação, predominante em nossos meios de comunicação? Se a formação do jornalista não influi em sua atuação ética, dentro de uma empresa, para que serve, então?


Se já abordaste esta questão em outros artigos, seria importante, ter mencionado neste, para uma visão mais ampla do assunto...


E, daí, surgem outras questões...


Os sindicatos dos jornalistas ou sua federação tem se interessado em enfrentar o fato de que boa parte de seus profissionais praticam o jornalismo de insinuação, de manipulação e de enganação?

A Fenaj tem feito uma cobertura eticamente correta desta questão ou também manipula a informação, mostrando ou insinuando apenas o ângulo que lhe convém?


A obrigatoriedade do diploma ou não evitaria que coisas assim acontecessem?


A obrigatoriedade garante apenas a qualidade técnica e estética da informação ou também a ética e a qualidade como defende a Fenaj?


Por que os países mais desenvolvidos não adotam a obrigatoriedade?


Matérias como esta que analisastes parcialmente, que são inúmeras, demonstram que não existe ética jornalística alguma, mas apenas ética materialística na grande imprensa, como documentou Perseu Abramo? Sugiro como livro de cabeceira, "Significado político da manipulação na grande imprensa". [ www2.fpa.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=55 ]


Não seria melhor exigir a obrigatoriedade do diploma apenas para os empresários da mídia, com um conselho profissional para fiscalizá-los e puní-los por impor sua ética do lucro e da política partidária, a qualquer custo, aos seus lacaios? Um conselho editorial composto por representantes dos movimentos sociais para controlar a atuação da empresa seria também altamente salutar, ainda que extremamente improvável num país capitalista...


Certo é que, numa nação com 74 % de analfabetos e semi-analfabetos nenhum veículo de comunicação pode ter profundidade, caso queira atingir o grande público. E, numa sociedade conservadora como a nossa, o número de analfabetos políticos (Bertolt Brecht) é ainda maior! Cada povo tem os governantes, empresários, jornalismo e os jornalistas que merece!


Lula visitou Santa Catarina após o desastre "natural" que ocorreu por lá... Mas qual o veículo divulgou a responsabilidade dele por não ter liberado anteriormente a verba prevista para evitar o desastre? A resposta está em http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=514JDB004


Por que será que nenhum dos 32 comentários feitos sobre o artigo disponível no Observatório da Imprensa menciona a responsabilidade do jornalista de insinuação, do diploma e da instituição em que ele se formou?


Mais detalhes em:

A sociedade quer informação com ética e qualidade?

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=529DAC001

Diploma impede o empresário de dominar sobre a consciência do jornalista

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=504DAC007

Liberdade de imprensa para quem?

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=491FDS008









(*) Heitor Reis é um subversivo e um indivíduo perigoso do ponto de vista dos milicos e de Gilmar Mendes. Engenheiro civil, militante do movimento pela democratização da comunicação e em defesa dos Direitos Humanos, membro do Conselho Consultor da CMQV - Câmara Multidisciplinar de Qualidade de Vida (www.cmqv.org) e articulista. Nenhum direito autoral reservado: Esquerdos autorais ("Copyleft"). Contatos: (31) 9208 2261- heitorreis@gmail.com - 12/06/2009




JORNALISMO DE INSINUAÇÃO

Quem você pensa estar enganando?

Por Venício A. de Lima em 9/6/2009

Os últimos dados sobre a circulação média de jornais divulgados pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC) para o mês de abril, e o tipo de jornalismo que continua sendo praticado pelos principais jornalões brasileiros, trouxeram à memória uma música de Paul Simon, muito popular nos anos 1970. Lançada em 1973, mesmo ano das audiências do caso Watergate no Congresso dos EUA, o refrão de Loves me like a rock ("gosta de mim tanto quanto um rock") repetia: "who do you think you´re fooling?" (quem você pensa que está enganando?) [ouça aqui a gravação original].

A circulação dos jornalõesDados do IVC revelam que a Folha de S.Paulo, O Globo e O Estado de S.Paulo perderam, respectivamente, 10,84%, 7,75% e 16,93% de circulação média diária em abril de 2009, se comparada aos números de abril de 2008. Nenhum deles atinge a circulação de 300 mil exemplares diários. Os números arredondados são, respectivamente, 289 mil, 259 mil e 214 mil exemplares (role a página e veja aqui matéria "Circulação de jornais cai 6,7% em abril").

Se supusermos que cada exemplar é lido, em média, por quatro (?) pessoas, o maior jornalão brasileiro teria hoje cerca de 1 milhão, 156 mil leitores/dia. Isto significa atingir potencialmente cerca de 0,604% do total estimado da população brasileira, que é de 191.231.246 habitantes (cf. IBGE, em 4/6/2009).

Considerando esses números em perspectiva histórica, verifica-se que, apesar do crescimento da população alfabetizada, há uma tendência clara de queda nos últimos anos. No ano 2000, a Folha tinha uma circulação média de 429.476 exemplares/dia, O Globo de 334.098 e O Estado de S.Paulo, 391.023. Por outro lado, a pesquisa sobre "O Futuro da Mídia", recentemente divulgada, revela que, entre nós, ler jornais (impressos ou online) é apenas a 10ª fonte de entretenimento preferida (ver "A mudança sem retorno").

Na verdade, os dados do IVC apenas confirmam o que já se sabia: os jornalões, cada vez mais, circulam apenas entre parcela muito reduzida da elite letrada brasileira. Apesar disso, os números não parecem assustar o representante da Associação Nacional de Jornais (ANJ), que considera "a situação passageira (...), reflexo da situação da economia (sic)". E, paradoxalmente, também não parecem incomodar aos próprios jornalões.

Jornalismo de insinuação (e de exclusão)O tipo de cobertura jornalística praticado pelos jornalões aparentemente não se interessa em conquistar novos leitores.

Em princípio, uma cobertura equilibrada, que represente todos os lados envolvidos nas questões, seria aquela capaz de conquistar credibilidade e atrair o maior número de leitores – vale dizer, contemplar leitores de diferentes opiniões.

Se, no entanto, a cobertura jornalística obedece sempre a um mesmo "enquadramento" para diferentes notícias – "enquadramento" perceptível até mesmo para um leitor menos atento –, o que ela faz é reforçar, diariamente, a opinião dos atuais (poucos) leitores. Ao mesmo tempo, excluem-se eventuais novos leitores que não se alinhem com o "enquadramento" da cobertura.

Outra possibilidade, creio, mais remota, seria o jornal crescer dentro do universo de leitores potenciais que também se sentiriam reforçados com o "enquadramento" já praticado.

Poucos quilômetrosTomemos um pequeno, mas emblemático, exemplo: a cobertura oferecida pelo jornal O Globo na terça feira (2/6), sobre o comportamento comparado dos presidentes da França e do Brasil em relação aos parentes das vítimas, tão logo se soube do desaparecimento do Airbus da Air France (o tema foi tratado neste Observatório em "Air France, voo 447 – As tragédias da mídia).

A "má vontade" da cobertura política dos jornalões em relação ao presidente da República, seu partido e seus aliados, embora não consensual, é certamente conhecida e reconhecida. Não me refiro, por óbvio, à fiscalização das atividades do Executivo, nem às denúncias fundadas de corrupção, nem aos editoriais, nem à opinião de colunistas e/ou articulistas. Refiro-me tão somente à rotina diária da cobertura política.

Uma nota de capa de O Globo tinha como título "Sarkozy vai e Lula manda vice". Uma matéria interna (pág. 9) tinha como título "Sarkozy consola parentes; Lula estava longe".

Seria difícil negar que esses títulos – estatisticamente mais lidos do que o conteúdo das matérias – insinuam que o presidente brasileiro, ao contrário de seu colega francês, foi omisso e não deu a importância que deveria ao acidente, mandando o vice representá-lo e permanecendo longe dos acontecimentos.

Os leitores que se derem ao trabalho de ler, tanto a nota quanto a matéria interna, no entanto, ficarão sabendo: que o presidente do Brasil soube do desaparecimento do Airbus depois de chegar a El Salvador, que visitava, em viagem oficial, para as solenidades de posse de seu novo presidente (aliás, casado com uma brasileira); que ele cancelou sua participação no almoço comemorativo "por estar abalado com a tragédia"; e que ele pediu ao presidente em exercício para deslocar-se de Brasília ao Rio de Janeiro, para se encontrar com os familiares.

Nem a nota, nem a matéria de O Globo, todavia, informam ao leitor que o Palácio do Eliseu, onde estava o presidente da França (aliás, país de origem da Air France e membro-sede do consórcio franco-germânico-espanhol – European Aeronautic Defence and Space Company (EADS) – fabricante do Airbus A330-200), fica a poucos quilômetros do aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, onde Sarkozy se reuniu com os familiares das vítimas. "Who do you think you´re fooling?"

O jornalismo de insinuação, ao "dar a entender de modo sutil ou indireto" uma interpretação tendenciosa, fere o princípio básico do jornalismo que é seu compromisso com a verdade. Sua prática desrespeita o leitor e, por óbvio, é condenável em qualquer circunstância.

Utilizar o jornalismo de insinuação até mesmo na cobertura de uma tragédia das proporções do acidente do voo 447 da Air France, com o objetivo de atingir politicamente um presidente da República cujos índices de aprovação, em todas as camadas sociais, estabelecem recordes históricos, não parece revelar a intenção de ampliar o número de leitores ou aumentar a circulação do jornal.

Na hipótese inversa, estaríamos supondo que os jornalões ainda acreditam que seus leitores (antigos e/ou novos) são incapazes de fazer a distinção entre a insinuação dos títulos, a omissão de informações na matéria e a verdade dos fatos.

Se for esse o caso, valeria repetir para os jornalões, o refrão da musica de Paul Simon: "Who do you think you´re fooling?". E a resposta só poderia ser uma: os jornalões estão enganando (fooling) a si mesmos. O resultado desse tipo de jornalismo, junto a outras causas, está revelado, ainda mais uma vez, nos últimos números divulgados pelo IVC.

URL: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=541JDB002__,_._,___


sábado, 2 de maio de 2009


Precisamos

realmente 

de mais

democracia? 

 

No último domingo de abril (26/04/2009), tive o prazer de assistir, pela rede mundial de computadores, a TV Educativa do Paraná (RTVE-PR), onde, no programa Brasil Nação, se discutia a Confecom (Conferência Nacional de Comunicação), a Jornada pela Democratização da Comunicação, realizada em Curitiba, a grande rede e temas afins.

[ Todo domingo, 21:30 h, ao vivo pela rede, www.rtve.pr.gov.br . Quem se interessar em ouvir a gravação que fiz do áudio do programa, MP3 40 Kbps, 1:30 h, 21 Mb, basta copiá-la no seguinte endereço:
http://rapidshare.com/files/226190742/BR_Na__o_Confecom_26_04_2008.mp3.html ]

 

Chamo a atenção do leitor para o encerramento do programa, com uma excelente proposta de reflexão da parte do telespectador, como prova da necessidade de uma conferência para o setor: Existe alguma TV comercial discutindo este tema?

 

Certamente, o Ministro da Globo, Hélio Costa, responderia: Não há necessidade alguma de se fazer uma conferência. Já estamos democratizando tudo! [ http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=530IPB002 ]

 

Em dado momento, após quase meia hora de debate, surgiu a seguinte questão: Como fazer para que mais tecnologia (na comunicação) represente, de fato, mais democracia? (aos 27 minutos do áudio citado)

 

Então, é neste ponto que gostaria de aprofundar nossa reflexão, inspirado no clima crítico e contundente em que ocorria o debate... Isto é impossível no limitado tempo da TV, em função dos vários assuntos em foco. Também há pouco interesse do público e dos grandes capitalistas em discutir este tema publicamente, os quais são anunciantes das grandes redes comerciais. Mas, certamente, deve apimentar o cardápio de nossos maiores empresários, em seus encontros mais discretos.

 

Democracia é como gravidez, em que, ou se está ou não se está grávida? Ou é um processo gradual em que, após estabelecida, é possível vários graus de democracia? Uma democracia padrão poderia ser mensurada em índices do tipo 10 %, 50 %, 100 % ou 150 %? Ou só existe democracia padrão 100 %, sendo impossível haver menor ou maior intensidade desta forma de governo? Menos que 100 % de democracia é sempre uma ditadura? O que é uma democracia plena? É-se possível radicalizar na democracia? Ou ela, em si mesma já é o máximo possível de radicalização? É possível existir democracia com um déficit (uma deficiência) de si mesma? Uma democracia meia-boca é uma democracia de verdade? Merece este nome?

 

O Estado, dominado pelos grandes capitalistas, estabelece um senso comum de que estamos numa democracia de verdade. Isto é disseminado através do sistema de ensino e do sistema teoricamente público de comunicação. Muito especialmente quando se trata de uma concessão pública para o setor privado, o qual atua apenas para atender aos interesses particulares, políticos e comerciais de seus donos e de seus anunciantes. O próprio Estado privatizado destina para este sistema 1,5 bilhão de reais anualmente, na forma de publicidade. E, para as emissoras (e jornais) comunitárias, nada! Ou melhor, apenas perseguição. Mais de 1.200 por ano foram fechadas no atual governo. Assim, já podemos imaginar como foi este programa da RTVE-PR.

 

Somos bombardeados diuturnamente com uma lavagem cerebral nos inoculando com a categórica afirmação de que estamos em uma democracia ou em um Estado Democrático de Direito. É o que determina nossa Constituição Federal. Com 74 % de analfabetos e semi-analfabetos, a manipulação dos conceitos mantém presa em uma matriz, em um molde, em um pensamento único (Ver Matrix, o filme), a quase totalidade da população. Quase ninguém é capaz de pensar por si próprio e questionar as informações que recebe constantemente, tomando tudo por verdade. Nem jornalistas diplomados, que deveria fornecer à sociedade informação com ética e qualidade. São meros páus-mandados de seus patrões manipulando a notícia para não perder a boquinha, completamente desamparados de qualquer condição que lhe permitar exercer o verdadeiro jornalismo:

 

O verdadeiro jornalismo, o jornalista de fato e a mídia realmente livre divulgam, com a freqüência e ênfases adequadas, idéias, fatos, pessoas e organizações que os poderosos se esforçam para esconder, minimizar ou criminalizar. O resto é assessoria de imprensa, omissão, manipulação, mercenarismo, entretenimento, mero diletantismo filosófico, conciliação de classes e/ou crime de lesa-pátria.

 

Mas o que significa, realmente, um Estado Democrático de Direito? Pura e simplesmente que há direitos teoricamente assegurados às pessoas em muitos ou todos os setores da atividade humana, inclusive o de viver sob uma democracia, ter acesso ao trabalho, saúde, educação, salário digno, lazer, e à própria justiça, etc.

 

Portanto, um Estado Democrático de Direito é uma ficção científica, jurídica, política, econômica e social, mas não há garantia alguma que funcione verdadeiramente, na prática. Basta observarmos a elevada concentração de riqueza em nosso país, onde 10 % da população abocanharam 75% da riqueza nacional e o número de milionários cresce a 19 % ao ano, enquanto leva-se quatro anos para que a classe média cresça 17 %. Permanece, como sempre, o privilégio do capital, apesar de alguns avanços. O salário mínimo constitucional deveria ser R$ 2.000,00www.dieese.org.br ], sendo o trabalhador desta faixa de remuneração furtado mensalmente em mais de R$ 1.500,00.  [ http://br.dir.groups.yahoo.com/group/Elucubracoes/message/1188 ]

 

Quanto tempo se leva para um processo ser concluído na justiça. Justiça??? Por que mais de 1517 sem-terra assassinados pelos ruralistas de 1988 a 2000, raramente tiveram seus autores julgados e condenados? [ http://www.global.org.br/portuguese/arquivos/JGRA2000.pdf ]

 

Por que o processo do assassinato de Celso Daniel está parado em sua fase inicial há anos e não anda como outros processos que não envolvem interesses políticos da mesma dimensão? [ http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2009/04/carta-do-irmao-de-celso-daniel.html ]

 

Há democracia, onde não há justiça? Onde um banqueiro condenado tem dois Habeas Corpus concedidos pelo seu amigo (sócio?) e Presidente do Supremo Tribunal Federal duas vezes em 48 horas, apesar de tentar impedir o andamento da justiça, subornando seus investigadores? Onde este mesmo criminoso internacional afirma impunemente que na instância superior seus processos terão a solução que lhe interessa? Onde o pobre não tem direito a um advogado, os milhares de processos se acumulam nos tribunais e sentenças são vendidas como banana em uma feira? Ou num leilão?

 

Vale a pena lembrar, que nem os militares, quando implantaram no país a censura, fecharam o Congresso Nacional, seqüestraram, torturaram e assassinaram milhares de pessoas, assaltaram o trabalhador, furtaram o fruto de seu trabalho e o concentraram nas mãos de uma minoria, elevando a inflação e a dívida externa absurdamente, com uma redução descomunal do salário-mínimo, jamais diziam tratar-se de uma ditadura. Alegavam estar fazendo a vontade do povo e defendendo a Nação contra uma outra forma de ditadura desta feita, de esquerda. E não falta quem acredite nesta balela até hoje! São as viúvas da Ditadura Pseudomilitar de 1964. E ainda querem que ela volte... Mas será por que nossos militares não se candidatam democraticamente e não buscam o voto dos eleitores como Hugo Chávez, na Venezuela?

 

Agora, imagina o que seria um Estado Democrático de fato! Um estado em que todas as fantasias e sonhos do Estado Democrático de Direito se tornem realidade. Esta seria a verdadeira democracia. O governo seria do povo diretamente ou através de seu legítimos representantes. Mas entenda que um legítimo representante é aquele que representa seus eleitores e não seus financiadores de campanha, como ocorre hoje.

 

E quem tem condições de colocar tanto dinheiro assim num candidato? Naturalmente, pessoas muito ricas! Elas se tornam legitimamente representadas por quem recebe seu dinheiro para fazer uma propaganda maravilhosa e enganar os mais pobres como se fossem fazer tudo que estes querem. Ao ganhar a consciência dos eleitores, este político vai governar para quem? Para o trabalhador otário que acreditou na propaganda enganosa ou para a classe patronal que lhe deu milhões de reais para realizá-la?

 

E no caso em que o povo governe verdadeiramente, seria possível o povo governar mais ou menos? A ação de governar numa democracia exige que se tenha maioria de votos. Algo matemático e científico! Os trabalhadores, que são a classe com maior número absoluto da sociedade e maior número percentual, devem ter o maior número de representantes  e estes devem defender os interesses desta categoria. Legítimos mesmos, né?!!!

 

Mas não ocorre o contrário? Os políticos eleitos governam prioritariamente para a classe mais abastada que lhes financiou o acesso ao cargo público. Então, este cargo público se torna privado e o Estado serve aos interesses de uma classe minoritária da sociedade, ao invés da maioria. Isto jamais pode ser chamado de uma república, mas de uma reparticular. Nem de democracia. Nem de democracia burguesa. Como pode ser burguês o governo do povo?

 

Numa democracia de verdade, é o povo quem governa. Ou governa ou não governa. Não me parece possível o povo governar mais ou menos, termos mais ou menos democracia. Por exemplo, uma classe social, uma categoria, uma raça ou um gênero ter mais votos que a proporção de cada categoria, no Congresso Nacional... Os grandes, médios e pequenos capitalistas teriam representação proporcional ao seu número na sociedade. Numa democracia, o número de representantes não seria maior nem menor que a proporcionalidade de cada parte que compõe a sociedade. A menos que se tenha decidido democraticamente privilegiar minorias numéricas ou políticas perseguidas e dar-lhes maior peso nas decisões, como uma reparação pelos danos que sofreram.

 

Portanto, defendo que é impossível termos mais democracia. Ela é matemática e cientificamente limitada pelo tamanho de cada grupo social que constitui uma nação, uma unidade da federação ou um município.

 

Diante deste conceito de democracia, lamentavelmente, somos forçados a concluir que estamos muito longe ainda de uma verdadeira democracia. Por outro lado, ao atingi-la, um dia, talvez, quem sabe, não precisaremos de mais nada, neste sentido. Por enquanto, se formos honestos, jamais diremos que é o povo que governa este país (democracia), mas os ricos. Trata-se de uma ditadura do poder econômico. Uma plutocracia!

 

Para quem ainda não sabe, Plutão era o deus das riquezas dos gregos e a tudo que se refere ao poder material pode ser utilizado o termo "pluto". Como "cracia" significa governo, temos plutocracia para denominar o governo dos ricos. Cleptocracia é o governo dos ladrões, corruptos e simpatizantes. "Clepto" quer dizer roubar, como em cleptomania. Já corporocracia é o governo das corporações ou grande empresas, como IBM, General Motors, Ford, Microsoft, Vale do Rio Doce, Votorantim, Bradesco, Itaú, etc.

 

Usa o nome que quiseres, mas usa o nome correto para cada coisa. Dá o nome certo aos bois!

 

Não precisamos de mais democracia. Precisamos mesmo é revisar nossos conceitos sobre ela e outros temas relevantes. [ Sem conceitualização não há revolução! http://www.abn.com.br/editorias1.php?id=30862 ]

 

Precisamos apenas de uma boa, pura, simples e justa democracia. Nada mais, nada menos que a classe trabalhadora, por ser a maioria absoluta da população, se organize e assuma o comando deste país. Mas será que o trabalhador tem algum interesse em tal coisa? Ou está imbecilizado pela hipnose coletiva patrocinada pelos senhores do Estado, da educação e da mídia?

 

De uma coisa não tenho a menor dúvida: Enquanto julgarmos que temos uma democracia por aqui, jamais lutaremos com a disposição suficiente para alcançar "mais democracia"! Ou para alcançarmos a única democracia possível e absolutamente garantida: a ditadura do proletariado. [ http://brasil.indymedia.org/eo/red/2008/10/432128.shtml ]

 

Mas, antes de tudo isto, teremos de superar nossa incompetência em colocar os mais elevados ideais na prática. [ O Fator Humano: www.HeitorReis.fr.fm/fh ]

 

Mais detalhes em:
http://prod.midiaindependente.org/pt/red/2009/04/445051.shtml .

  

 (*) Heitor Reis é um subversivo e um indivíduo perigoso do ponto de vista dos milicos e de Gilmar Mendes.  Engenheiro civil, militante do movimento pela democratização da comunicação e em defesa dos Direitos Humanos, membro do Conselho Consultor da CMQV - Câmara Multidisciplinar de Qualidade de Vida (www.cmqv.org) e articulista. Nenhum direito autoral reservado: Esquerdos autorais ("Copyleft"). Contatos: (31) 9208 2261- heitorreis@gmail.com - 29/04/2009

 

sábado, 25 de abril de 2009

Lula impõe ditadura da mídia

na Confecom


Claro que qualquer Conferência de Comunicação é melhor que nenhuma! Seguramente, diante de uma sociedade conservadora e alienada como a nossa, Lula foi ousado ao assinar o decreto convocando-a. É a primeira... 

Certamente Lula não fez mais que isto, para não dar soco em ponta de faca. Faltou uma efetiva pressão política por parte da população em geral e dos movimentos sociais, no sentido de apoiá-lo ou para obrigá-lo a avançar ainda mais. [ Mais... ]